13 de agosto de 2011

dEsCuId0


Que as estradas todas do mundo se percam no vazio. Não existe o olhar atento.
Que os ventos desbastem as almas cegas. Carrego-me e já não aguento!
Que os mares desapareçam de vez. Estou cansado de poesia.
Que a noite me afogue para sempre. Só quero de novo o dia!
Que a ternura regresse às minhas mãos. Tenho saudades de cantar.
Que estas lágrimas se desfaçam em pó. E que nunca mais voltem a chorar!
Que os meus passos morram eternamente. Vagabundo perdido nunca mais!
Que grite a morte e a vida sem me cansar. E outras coisas que tais...
Que se calem as vozes e os beijos. Abraço a solidão e com ela faço amor.
E sem saber de mim me deixo derreter no calor!
E fico uma migalha à mercê dos impulsos do que acontece...
Numa teia de choques que ninguém tece....
E calo-me hoje vermelho de raiva numa autoestrada que não existe.
E adormeço oco, velho, gordo e triste...

2 comentários:

Maria disse...

Não tenho palavras para te deixar, de tão belo o poema que acabo de ler.
Se o que te faz escrever assim é estares aí, então FICA! Que eu vou...

Abraço-te, muito.

Anónimo disse...

a solidão ás vezes é boa. pois ficamos nós e os momentos.
estejas tu onde estiveres. quero que estejas bem.
ah! só uma coisita tu não me digas que arrancaram alguma autoestrada e eu não vi!!!

bjo e até um dia.

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...