9 de janeiro de 2007

aMiNhAcAsA

Na minha casa as paredes são pintadas a corAs janelas deixam passar o som dos pássaros e juntam-se aos meus,
Aos da minha guitarra...

Na minha voz cansada
Transparece a rouquidão dos tempos. Dos que vivi e dos que quis viver.
Na minha casa a porta está aberta. Para se entrar e para se sair.
As paredes podem ser pintadas, as janelas mais abertas.
A minha guitarra pode ser tocada.
Porque a minha casa somos todos.

9 comentários:

Júlia Coutinho disse...

Que bom poder entrar na tua casa, sem pedir licença, sem me anunciar.
Aos amigos tratamos assim.
Um bom 2007 !

Teresa Durães disse...

A minha casa é um pouco como essa mas não sei tocar guitarra. Há quem a toque. Entram saem, passa quem passa (porque as paixóes gostos e palavras são diferentes de uns para os outros)

e na diferença das casas nascem diferentes emoções. que se unem pela noite em conversa e partilha com os amigos. nas noites de lazer.

boa noite

Maria Carvalho disse...

Gostei da tua casa.

eu sou disse...

A minha casa, não tem portas. Não tem janelas. Muito menos paredes. Onde penduro as telas?

Pelo vento, por aí. Por onde quero.

A música vem dos pássaros, que todos os dias me ensinam.

Isso basta-me !

maria josé quintela disse...

Gosto da tua casa...
Das janelas que se podem abrir mais.
Da rouquidão do tempo.
E do som da guitarra...

Beijo.

Maria disse...

Porque é que escreves assim?
A última frase guardei-a no coração.
Um abraço

musalia disse...

eu gosto de passar por cá e sentar-me um pouco. sente-se a quentura de quem abre a porta e o coração. a quem chega.

M.M disse...

Retribuindo a sua visita e sentindo-me aqui, em casa, não resisti e deixo-lhe um texto que escrevi sobre Simmel que foca precisamente a problemática estética e espacial da ponte, porta e janela. Espero não ser maçuda e que goste.


«G. Simmel, no ensaio A Ponte e a Porta, [Brücke und Tür», (1909) in Das Individuum und die Freiheit, Wagenbach, Berlin,1984], revela a sua concepção do espaço bem como as suas relações/oposições à arte, a esse transfigurar estético operado pelo humano criador. A noção de espaço é reflectida por Simmel neste ensaio (tal como em Filosofia da Paisagem) em termos de associação/dissociação, de exterioridade /interioridade enquanto disposições do homem perante a natureza que ora transforma em paisagem, ora inscreve em obra de arte. Para Simmel a capacidade de traçar caminhos e de exteriorizar o que lhe é interior são feitos exclusivamente humanos. […]
A ponte, metáfora da «esfera volitiva do homem no espaço» liga partes da paisagem, reaproxima extremidades e compõe o caminho. Refere Simmel que os primeiros homens que traçaram um caminho entre dois lugares, cumpriram uma das maiores tarefas humanas, pois se bem que o animal também não deixe de superar distâncias, não consegue fazer a ligação entre o começo e o fim do percurso.
Deste modo, será com a construção da Ponte que essa tarefa – especificamente humana- atingirá o seu ponto máximo. Para o homem, as margens dum rio não são apenas exteriores uma à outra, mas separadas entre si, porém a própria noção de “separação” (das margens) não faria sentido se não tivéssemos começado por uni-las, no nosso pensamento, na nossa imaginação. E a partir desse momento, escreve Simmel: «o espírito irá conciliar, unificar os elementos tomados em si e por si».
Deste modo, a ponte adquire valor estético quando estabelece não só nos factos reais, no espaço, uma junção entre os termos dissociados, bem como quando torna sensível essa mesma união. A ponte tem, assim, a capacidade de oferecer ao olhar um suporte imóvel e durável para a dinâmica do próprio movimento ao ligar partes do espaço.
No entanto e, em comparação com a obra de arte, a ponte apresenta uma diferença uma vez que se integra na imagem da própria natureza. Para o nosso olhar a ponte encontra-se, de facto, numa relação mais estreita e menos fortuita com as margens por ela ligadas, do que, por exemplo, como refere Simmel «uma casa com o terreno que a comporta e que desaparece ao nosso olhar, por debaixo dela».
Em geral, percebemos uma ponte numa paisagem como um elemento “pitoresco”, pois com ele a contingência do dado natural é elevado à unidade, unidade essa, já espiritual, sem dúvida. Porém, «essa unidade pela sua visibilidade imediata no espaço não possui menos valor estético do que a arte quando ela realiza o seu ideal “insular”. Por seu turno, a porta ilustra de maneira mais clara até que ponto a separação e a
reaproximação nada mais são do que os dois aspectos do mesmo acto. A porta cria uma junção entre o espaço do homem e tudo o que se encontra fora dele, abolindo assim a separação entre interior e exterior.
Ao contrário duma parede, que é muda, a porta fala, pois que permite um duplo sentido: o abrir e o fechar, isto é, permite, não só, o fechamento, o isolamento sobre si-mesmo (tal como a parede), como também permite que o homem possa suprimir esse mesmo limite e colocar-se fora dele (bastando-lhe para isso sair) . É indiferente atravessar uma ponte numa direcção ou noutra, enquanto que a porta indica, ao contrário, uma total diferença de intenção que irá depender se se entra ou se se sai.
A porta é assim o ponto fronteiriço do homem e nela o limite aproxima-se do ilimitado, ao contrário da ponte que apenas pode unir o finito ao finito. «Enquanto a ponte – linha estendida entre dois pontos – prescreve uma segurança, uma direcção absoluta, a porta é feita de modo que por ela a vida se expanda além dos limites do ser-para-si isolado, até na ilimitação de todas as orientações».
No final deste ensaio, Simmel analisa ainda ontologicamente a janela. E se bem que esta se aparente à porta, uma vez que permite a ligação do espaço interior com o exterior, apresenta, no entanto, um carácter teleológico, uma vez que pela sua transparência «serve para olhar para fora e não para dentro», imprimindo assim uma direcção unilateral a essa mesma ligação espacial.»

Anónimo disse...

Eu quero que a minha Casa seja assim!
Para notas e timbre pouco ou nenhum jeito tenho...mas gostava, muito!
Chego-me, aproximo-me, pergunto se posso, tento aprender,aproveito as portas e janelas sempre abertas...
A tal inveja saudável...

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...