4 de janeiro de 2007

UrGe-mE


Urge-me daqui a memória do amor
Grita-me os ecos dos tempos de liberdade
Salva-me nas palavras dos poemas de tudo ser dor
Perdoa-me a ousadia de te repetir, só por vaidade...

Repete-te infinitamente no meu peito
Aninha-te para sempre feto em mim
Beija-me a alma, mata-me a direito
para nascer, de novo, enfim...

Larga-me a tormenta, ó cruel paixão
Adormece-me em ti, perdido e fervente
Urge-me, urge-me este coração
Que não pára de ser eternamente!

6 comentários:

Suspiros disse...

A propósito, reproduzo aqui:

"Ai, a vida!
Quanto mais me magoa, mais a canto.
Mais exalto este espanto
De viver.
Este absurdo humano,
Quotidiano,
Dum poeta cansado
De sofrer,
E a fazer versos como um namorado,
Sem namorada que lhos queira ler.

Cego de luz e sempre a olhar o sol
Num aturdido deslumbramento.
Cada breve momento
Recebido
Como um dom concedido
Que se não merece.
Ai, a vida!
Como dói ser vivida
E como a própria dor a quer e agradece."

28 de Novembro de 1981
Miguel Torga, in Diário, Volume XIII

:)

kelly disse...

que grito! que berro! que voz desenhas tu com as palavras!
obrigada!

Anónimo disse...

Maravilha de poema, Pedro
Lembrei-me de Paul Éluard em "COMME DEUX GOUTTES D'EAU"
...
"Sa main tendue vers moi
se reflète dans la mienne
Je dis bonjour en souriant"

O último versodeste excerto marca o nascimento do "eu", de uma forma explícita, pela mão da mulher.

(não me vou aqui estender em mais considerações... não é o tempo, nem o espaço). Tanto mais que prometi um poema:

Colhi dos campos
Fresco linho
Perfumei-o de sol e de jasmim
Escutando murmúrios de mar.
Com ele vesti a minha cama.

Que escutes o mar
E te vistas de mim...

Um beijo

Maria disse...

"... Urge-me a memória do amor
aninha-te pra sempre feto em mim..."

e deixa que o amor renasça, mesmo assim!

Um beijo

isabel disse...

Feliz 2007 Pedro.

E lindo, como sempre.

Bjs
Isabel

Maria Carvalho disse...

Infinitamente belíssimo!!

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...