Olho para ti e sou espelho.
Levo as águas junto ao tempo de amar.
Recordo a vida e o abraço deste caminhar.
Minha alma aquece o seu canto já velho.
Rasgo a dor em fogo e vigia.
Cubro o meu sangue de pedaços de mim.
Sei que nascer é começar o fim.
Que a noite é o outro lado do dia.
Mal sinto do suor dos meus passos.
Das saudades a rebentar na praia.
Que o corpo se eleve e não caia!
Que a voz soe entre os amores e os cansaços!
Olho para ti, assim parado,
Na margem de um sonho entoado,
Na respiração, no toque, no grito calado...
Sei que és rio, fonte, estuário que abraça!
Atira-me a tua senha e faz-me barcaça
Para me ir longe, longe, onde o meu peito se desfaça
E de novo consiga a inquietação do salto!
Talvez uma simples pedra do asfalto,
Talvez um canteiro em sobressalto.
Hei-de escrever assim desalmadamente. Sem me importar que as palavras se gastem. Uso-as e uso-as e uso-as e uso-as e uso-as as vezes que forem precisas. Sei que um dia encontrarão sossego. Porque as palavras em mim, mesmo as mesmas de sempre, são pedaços incandescentes de reacendimentos. Poderia enumerá-las para facilitar a crítica: solidão, rio, inquietação, falésia, maré, praia, sangue, peito, amor, canto, peito, sossego, silêncio, morte, fogo, fogueira, caminho, estrada, rouquidão, grito, aflito, peregrino, menino, poesia, poeta e cantor, lágrima, escolhas, calor, dor, vagabundo, vertigem, labirinto, casa, cidades, saltimbanco, fome, sonho, pesadelo, pássaro, flor e canteiro, jardim, praia, ondas, abraço, cansaço, beijo, ternura e carinho, cama ou leito... Simplesmente palavras. Nada valem assim... Não unem. São exercícios embriagados de uma dor na ponta dos dedos. Esta dor de hoje. De sempre. A vida não devia acabar num buraco...
7 comentários:
a vida não pode acabar num buraco, que não cabe lá. saudades
Pedro
Use as palavras sempre,sempre,as vezes que são precisas, quer sejam ou não "escolhidas"...
Um Abraço
Pedro,
não sei que dizer,
deixo o meu abraço e um mimo em forma de som feito mar...
http://www.youtube.com/watch?v=NBvsiX6mY-I
mariam
Vim ver-te, imaginei-te assim, nas palavras que não se gastam, na dor que sentes e nas inquietações, abraços, beijos e muita ternura.
"A vida não devia acabar num buraco..."
E não acaba! porque as memórias estão em nós.
Deixo-te um beijo e um abraço.
se precisares de mim sabes onde eu estou.
Já entrei aqui nem sei quantas vezes.
Já me esgueirei por uma nesga para ninguém me ver sair...
Não tenho palavras para ti, hoje. Apenas um NÓ que me aperta e aperta e aperta...
Tento desfazê-lo e nem o que tu sabes me deixa...
Sei (acho que sei) o que sentes. Queria ter-te aqui, agora. E não tenho!
Queria dar-te colo, queria dar-te a mão, e apenas o NÓ que me asfixia...
Amo-te! Tu sabes quanto.
Quero-te! Tu sabes como.
E este NÓ que me dói na garganta...
Chovo, porque sei que choves.
Chovo, pela impotência em aliviar a tua dor.
Chovo por ti. Chovo porque sim.
Puta de vida!
Deixa-me embalar-te hoje. Canto-te a Estrela d'Alva. Ouves?
Dorme. Adormece. Com o meu dedo a fazer redondo na tua testa. Sentes?
Beijo-te, Pedro.
Até daqui a bocadinho...
A amizade consegue escrever coisas lindas!
Beijo, Maria.
Beijo, Pedro.
As palavras valem tudo!
um bjo
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