10 de maio de 2011

dEmIm

Caí num leito quente, de azul e cetim
Perdi-me de tudo o que ainda existe
Por isso, meu tempo é estar longe de mim
Na loucura forte de um canto triste

A minha voz rouca e funda
Inunda-me a alma de um amor sem fim
Por isso, cada verso é uma dor fecunda
Dentro de um leito quente, de azul e cetim

O calor desta mão que cansa
Luta todo o sangue que nos resiste
Por isso, entre a lágrima pesada da esperança
Perdi-me de tudo o que ainda existe

Se o meu corpo desaparecesse e ficasse
Como uma flor, esquecido num jardim
Talvez um dia o mundo se traçasse
No meu tempo, que é estar longe de mim

Por isso, estes versos embriagados nas marés
Que a minha pele inventa e insiste
Para que o meu respirar me prenda sempre os pés
A esta loucura forte de um canto triste

1 comentário:

Ailime disse...

Amigo,
Hoje ofereço-lhe este poema belíssimo de Santo Agostinho:

"Se conhecesses o mistério imenso do céu
onde agora vivo,este horizonte sem fim,
esta luz que tudo reveste e penetra,
não chorarias,se me amas!
Estou já absorvido no encanto de Deus,
na sua infindável beleza.
Permanece em mim o teu amor,uma
enorme ternura que nem tu consegues
imaginar.
Vivo num alegria puríssima.
Nas angústias do tempo pensa nesta casa
onde um dia estaremos reunidos para além da morte,matando a sede na fonte
inesgotável da alegria e do amor infinito.
Não chores,se verdadeiramente me amas!"

Santo Agostinho

Beijinhos com o meu carinho.
Ailime

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...