Urge-me daqui a memória do amor
Grita-me os ecos dos tempos de liberdadeSalva-me nas palavras dos poemas de tudo ser dor
Perdoa-me a ousadia de te repetir, só por vaidade...
Repete-te infinitamente no meu peito
Aninha-te para sempre feto em mim
Beija-me a alma, mata-me a direito
para nascer, de novo, enfim...
Larga-me a tormenta, ó cruel paixão
Adormece-me em ti, perdido e fervente
Urge-me, urge-me este coração
Que não pára de ser eternamente!
6 comentários:
A propósito, reproduzo aqui:
"Ai, a vida!
Quanto mais me magoa, mais a canto.
Mais exalto este espanto
De viver.
Este absurdo humano,
Quotidiano,
Dum poeta cansado
De sofrer,
E a fazer versos como um namorado,
Sem namorada que lhos queira ler.
Cego de luz e sempre a olhar o sol
Num aturdido deslumbramento.
Cada breve momento
Recebido
Como um dom concedido
Que se não merece.
Ai, a vida!
Como dói ser vivida
E como a própria dor a quer e agradece."
28 de Novembro de 1981
Miguel Torga, in Diário, Volume XIII
:)
que grito! que berro! que voz desenhas tu com as palavras!
obrigada!
Maravilha de poema, Pedro
Lembrei-me de Paul Éluard em "COMME DEUX GOUTTES D'EAU"
...
"Sa main tendue vers moi
se reflète dans la mienne
Je dis bonjour en souriant"
O último versodeste excerto marca o nascimento do "eu", de uma forma explícita, pela mão da mulher.
(não me vou aqui estender em mais considerações... não é o tempo, nem o espaço). Tanto mais que prometi um poema:
Colhi dos campos
Fresco linho
Perfumei-o de sol e de jasmim
Escutando murmúrios de mar.
Com ele vesti a minha cama.
Que escutes o mar
E te vistas de mim...
Um beijo
"... Urge-me a memória do amor
aninha-te pra sempre feto em mim..."
e deixa que o amor renasça, mesmo assim!
Um beijo
Feliz 2007 Pedro.
E lindo, como sempre.
Bjs
Isabel
Infinitamente belíssimo!!
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