16 de dezembro de 2008

rEt0rNo



De mansinho ouso sair da cabana. O vento frio não se faz sentir. O horizonte aparece-me limpo e o terreno em cinzas de Inverno. Ouso dar um passo mais em direcção ao labirinto. Entro? Fico? Avanço! Decidido e forte. Sei da inquietação que ficou dentro da cabana, onde ela ainda dorme no cheiro daquela noite. Tenho de me afastar. Nem olho para trás, claro. A porta ficou aberta para deixar entrar as minhas lágrimas. Que da saudade só conheço a poesia. E da dor o carregado corpo com que me transporto. Mais morto que vivo, é certo. Tenho de avançar. A viagem é longa longa quem sabe eterna... Levanto a cabeça por sobre as estradas de terra desenhadas a carvão. Ergo as mãos sobre a cabeça. Quero arrancar-me um pedacinho que seja desta ausência. Vou. Porque só assim saberei ficar...

9 comentários:

Maria disse...

Se não ousares avançar nunca saberás
pois da saudade nunca terás resposta
e das ausências que te vão apertando te despirás
um dia rente à porta
que deixaste aberta.
Só assim poderás ficar...

Um beijo, Pedro.

Montanha Azul disse...

Muito bonito.
Gosto muito de te ler.
Um beijinho

Twlwyth disse...

Faz-te céu e voa.

Belas palavras, como sempre bem combinadas.

Beijo

Flor disse...

ausenta-te o tempo suficiente para sentirem a tua falta mas não o tempo suficiente para aprenderem a viver sem ti...

*

AnaMar (pseudónimo) disse...

Se ficas ou não dependerá da viagem...

Júlia Coutinho disse...

Passei por aqui e deixo-te todo o meu amor.
Como está o nosso menino/a?

Paula Raposo disse...

A saudade com que nos transportamos...é isso. Beijos.

mariam [Maria Martins] disse...

Pedro,

... e, que a porta fique sempre aberta... à poesia...

muito bonito.

um afectuoso abraço
um sorriso :)

e FELIZ NATAL!

mariam

Maria disse...

Foi uma das noites mais bonitas, lá.
Em que te cantámos. Porque da saudade conhecemos a poesia. A dita, e a cantada.
Não me ausento. Estou estarei cada vez mais presente...

Um beijo, Pedro

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...