1 de dezembro de 2010

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Deixarei na terra as pegadas das vigílias e das mãos. As flores saberão de cor os cânticos com que chorei à passagem. Por isso, nunca me deixo os sonhos vãos. Nem no perfume agre dos cansaços, nem na voz que me ferve à passagem.Deixarei na praia todos os meus amores e poemas feitos trovões. As ondas, o sargaço, o estrondo das rochas com que te pintei... E é por isso, minha mãe, que nunca se calarão as canções. Porque em tudo por onde passo fica tudo o que deixarei!

4 comentários:

Maria disse...

Florirão na terra todas as sementes que plantaste. Ao longo da tua vida. Cada flor será um beijo deixado ao vento. Um verso atirado ao meu olhar. Uma canção para lá das montanhas.
Renascerão na praia todos os búzios cantados na espuma dos segundos. Que às vezes são quase eternos. E cada onda será um amor de ir e vir. Um passo em direcção a ti. Um rasto de tudo o que foste, és e serás, poeta.

Beijo-te.

zmsantos disse...

Abraço-te, com saudades de tudo.

Lídia Borges disse...

Como calar as canções se este canto perfura a alma e se aconchega no coração?


Um beijo

Filoxera disse...

Com este post lembras-me um poema da Florbela Espanca, "A Maior Tortura":

"Na vida, para mim, não há deleite.
Ando a chorar convulsa noite e dia...
E não tenho uma sombra fugidia
Onde poise a cabeça, onde me deite!

E nem flor de lilás tenho que enfeite
A minha atroz, imensa nostalgia!...
A minha pobre mãe tão branca e fria
Deu-me a beber a mágoa no seu leite!

Poeta, eu sou um cardo desprezado,
A urze que se pisa sob os pés.
Sou, como tu, um riso desgraçado!

Mas a minha tortura inda é maior:
Não ser poeta assim como tu és
Para gritar num verso a minha Dor!..."

Um beijo, Pedro.

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...