10 de junho de 2011

p0tE

Percorro as memórias paradas aceleradas guinadas para a esquerda e para a direita. Pelas estradas que se fazem pão. Pelos canteiros da inquietação. Rumo a um jardim escondido quem sabe perdido nos sonhos de um qualquer amante, poeta ou canção. Percorro-os assim e o meu sangue desperta. Adormece por entre os silêncios que todas as vozes juntas entoam nos reflexos da alma. O meu palco é um segundo apenas. Orgasmo que se perpetua no calor dos abraços. No que fica por sentir. No que se disse ao calar. Voltar atrás é, por isso, o dedo espetado para a censura. O grito rasgado da ternura. A rima nascida do acaso. E os meus passos pesam. No olhar maroto de uma noite fugidia. Pelos trilhos das falésias. Perto da ondulação forte. Do rochedo inerte. Das campas dos abrigos. Dos leitos mais antigos. Risco no céu que as andorinhas transportam de lar em lar. Pelas janelas abertas e fechadas. Pelas dores já caladas. Tricotadas nas mantas que cobrem as mães. Fértil embriaguez que há-de parir nesse dia o amanhecer eterno! Fome gula e raiva. Tudo me cabe hoje. Como nas contadas histórias. Onde cabem todas as minhas memórias...

2 comentários:

Maria disse...

Algumas das tuas palavras deixaram-me nós na garganta. Vou tentar desatá-los. Entretanto, abraço-te muito...

Ana Reis Felizardo disse...

No final do arco-iris há um pOtE cheio de moedas de ouro. Olhá-lo e sentir todas as suas cores é o verdadeiro tesouro...até porque ninguém sabe onde o arco-iris começa, nem onde acaba... e isso também não interessa nada...

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...