8 de março de 2012

SeMpReMuLhEr

Pobre camponesa da terra ardente
Perdes-te no silêncio das searas

Consomes sonhos e luas raras

De esperas vivas mesmo à tua frente...
Pobre peixeira do mar furioso
Carregas a vida entre as mãos e a pele escura
Cantas a dor em forma de ternuraE esperas inquieta no teu coração ansioso...Pobre mãe dos dias que nunca mais acabamRecomeças a toda a hora a tua vidaSentes o cansaço numa respiração perdida
Esperas tanto, no fundo dos olhos que desabam...

Pobre amante deixada ao abandono

No seio do tempo que não é teu

Caída no leito que nunca faz seu
Onde esperas como folha em solidão de Outono...
.

Que o universo se levante e se ponha de joelhos!

Que se incline na divina existência!

Somos pó no meio de todos os espelhos!

Somos sangue que jorra a sua própria clemência!

Quero-te sempre em mim, vigilante em tudo o que fizer.
Sei-te natureza e gravidez
Por isso, te encontro, te espero, te desejo outra vez
Por isso e por tudo, sempre MULHER!



7 de junho de 2010

2 comentários:

Maria disse...

Gosto tanto das tuas palavras inquietantes... gosto tanto das tuas palavras inquietas...
E gosto delas em acalmia. Como um suave pôr de sol a cair no mar.

E gosto desta fotografia!

Ailime disse...

Olá Amigo,
Divino poema!
Muito obrigada.
Ailime

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...