7 de junho de 2010

SeMpReMuLhEr


Pobre camponesa da terra ardente
Perdes-te no silêncio das searas

Consomes sonhos e luas raras

De esperas vivas mesmo à tua frente...

Pobre peixeira do mar furioso
Carregas a vida entre as mãos e a pele escura

Cantas a dor em forma de ternura
E esperas inquieta no teu coração ansioso...
Pobre mãe dos dias que nunca mais acabam
Recomeças a toda a hora a tua vida
Sentes o cansaço numa respiração perdida
Esperas tanto, no fundo dos olhos que desabam...

Pobre amante deixada ao abandono

No seio do tempo que não é teu

Caída no leito que nunca faz seu

Onde esperas como folha em solidão de Outono...
.

Que o universo se levante e se ponha de joelhos!

Que se incline na divina existência!

Somos pó no meio de todos os espelhos!

Somos sangue que jorra a sua própria clemência!

Quero-te sempre em mim, vigilante em tudo o que fizer.

Sei-te natureza e gravidez
Por isso, te encontro, te espero, te desejo outra vez

Por isso e por tudo, sempre MULHER!

4 comentários:

Anónimo disse...

Pedro...
As Tuas palavras abafam qualquer tipo de comentário.
Gostei mesmo muito do que li. vejo-te através do sentido das palavras.

Um grande beijinho meu nessa mão pequenina da foto :)

e outro para ti é claro!

Mª João C.Martins disse...

A grandeza do Ser feminino, esboçado aqui, na beleza das suas palavras.

Muito bonito!

OUTONO disse...

O feminino flor, nas tuas plavras...

Abraço.

Maria disse...

Perdi ontem as palavras todas, quando te li.
Ainda não as encontrei...
Tenho apenas um adjectivo: SOBERBO!

Beijo-te.

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...