3 de novembro de 2008

gRiTo-Me


Sosseguem-me os olhos nas esquinas das histórias!

Perdoem-me as raivas perdidas nas memórias!

Levantai-me! Pintai de novo a poesia!

Digam-me: andarão os abraços na ventania?!!

Fechem-se as janelas!

Curvem-se os sussuros das vielas!

Levantai-me! Pousai-me nos areais da ondulação!

Digam-me: qual o tamanho do coração?

Digam-me que sou pequenino,

Fabricante de paixões,

Andarilho aos tropeções,

Sangue, fome, vómito ou destino...

Fogueira gelada ou menino,

Cantiga enganada ou jardim...

Digam-me: posso caminhar seguro

Desejar que o rio seja puro

Cair-me só perto do fim?

Turvem-se as águas do mato!

O uniforme suado ao desbarato!

Levantai-me! Atiraram-me por terra!

Digam-me: qual a cor desta guerra?

Calem-me! Abafem-me o punho fechado!

Levem-me daqui! Soltem-me em qualquer lado!

Levantai-me! Que sufoco só de olhar!

Digam-me: vale a pena voltar a amar?

Digam-me que sou canibal,

Feio, porco e demasiadamente repetido,

Fermento podre e perdido

No meio de um mundo vazio e banal...

Semente descascada, dor forte e visceral...

Voz de monstro ou simples calor

Digam-me: de que me vale este passo triste

De vertigem que em mim ainda resiste

Porto de viagem ou campa sem flor?

12 comentários:

Maria disse...

Engasguei-me com este grito.
Tenho de voltar a lê-lo daqui a pouco. Para o digerir.

Deixo-te um abraço, menino poeta...

(e já volto)

mariam [Maria Martins] disse...

Pedro,
um abraço sentido lhe dou.
estou como a Maria, não sei que diga a este aflito grito, espero que seja tão somente, um genial escrito criativo.

um beijinho
mariam

(esta noite, estou triste, por este grito, porque acabei de vir da Luisa/pin gente...)

Maria disse...

Já voltei aqui tantas vezes...
e sempre saí.
Este grito grita-me.
Tivesse eu colo,
escondia-te no meu peito...

Um abraço, Pedro

Maria disse...

Desculpa, mas tive que voltar.

Como eu te vejo neste grito

Coração, pequenino, menino, jardim, rio puro, semente e terra, punho fechado, calor

Serás sempre um porto de viagem


E levo-te daqui.


Esta noite
e só esta noite
serei apenas eu.
E beberemos,
descalços, a
cachaça pura
da ternura.
Esta noite.
Apenas.
À beira mar.

Um beijo de boa noite, Pedro

Maresia disse...

Chegou-me este grito... porque também é meu quando o desalento me invade, quando também não creio...

Anónimo disse...

Apenas te posso deixar o meu abraço e dizer-te que o teu coração é grande...

beijo, Pedro

Twlwyth disse...

Os abraços andam nos laços das palavras que não se soltam com o vento.

Beijo

Micas disse...

Leio[te] em silêncio_______o [teu] grito

Um abraço

AnaMar (pseudónimo) disse...

Hoje também eu grito.

Mas vale a pena voltar a amar. Acredita!

Bj

cristal disse...

Pedro

Este grito calou em mim as palavras...
Queria tanto inventar palavras que lhe aquietassem a alma, lhe serenassem o olhar e o coração adoçassem...

Assim...na ausência das palavras...

...Receba o meu ABRAÇO amigo...

ausenda hilário disse...

Hoje
também grito...
pelo belo
pelo insano
por valer...
sempre valer
a pena
amar!

Abraço
Ausenda

Melga do Porto disse...

Um dia disseram-me:
"Cada qual tem aquilo que merece!"
E dai não mais se moveram.
Não te posso abraçar, nem tão pouco afagar. Poderei, quando muito, te dizer da sorte que tens com os amigos que te rodeiam.
Eu não tive essa sorte e sei o que sinti e sinto.
Por isso, força agarra-te a eles e verás como operam maravilhas.
Quando estão do nosso lado...

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...