13 de abril de 2011

mAnTo

Há um lugar secreto no meu peito
Onde tudo acontece
Um jardim onde nunca amanhece
Um poema que apetece
Qualquer saudade que falece
E eu... sou o manto onde me deito.

Há um beijo perdido em mim
Que me chama a toda a hora
Uma dor que não vai embora
Uma inquietação que se demora
Como quem faz amor pela noite fora
E eu... sou o manto que não tem fim.

Há uma memória que dorme na minha voz
A canção que os silêncios pintaram
Os rios que na minha pele se deixaram
Chagas que arderam e nunca se cansaram
Verbos a mais que não pararam
E eu... sou o manto da minha própria foz.

Há um vazio nestas pedras que apanho
Caminhos curvos e embriagados
Os olhos turvos, pretos e molhados
Avenidas de punhos erguidos e fados
No encalço destes frutos envenenados
E eu... sou o manto sem saber do meu tamanho.

Há uma névoa na tempestade que vem
Morte, memória, qualquer coisa a parir
Quem sabe um palhaço a sorrir
Ou um céu para me cobrir
Como sangue em veias de ir e vir
E eu... sou o manto que já não me tem.

1 comentário:

Maria disse...

Soltam-se as palavras de dentro de ti como se fossem chuva como se fossem ondas em dias de temporal.
Soltam-se flores aprisionadas de um jardim inventado como se fossem aves fazendo ninho no meu beiral.
Soltam-se olhares sorrisos abraços que lanças ao vento e que recolho em mim como se fosse maternal.

Abraço-te.

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...