8 de abril de 2011

tRaGo

Trago uma palavra presa num grito
Rouco, cantar quente e aflito
Numa voz cansada e perdida.
Uma onda que se fez à vida
Num areal que nunca foi escrito...

Trago uma palavra abandonada
Como um abraço que não sabe a nada
E se vai, sem deixar memória.
Tempestade e história
Em corrente acorrentada...

Trago uma palavra no sufoco de mim
Solidão de cores em terno jardim
Que fica no silêncio de tanto.
E a palavra sangra-me como um manto
Entre estas lágrimas que se desfazem assim...

Trago uma palavra seca, muda e vazia
Que me acorda ao romper de cada dia
E não me deixa descansar.
Por isso, no beijo mais secreto do mar
Embrulho de mansinho esta melancolia...

Trago o punho aberto na dança
Um sonho e gargalhada de criança
Que vive sempre tudo ao fundo.
Por isso, o meu nome é vagabundo
E eu, a inquietação que nunca se alcança...

1 comentário:

Maria disse...

Tenho o peito a sangrar de palavras atravessadas trespassadas que não ouso gritar Tenho os dedos presos nas páginas brancas de um caderno onde não escrevo nem sei pintar Tenho os olhos rasos de água que me saem em gotas pérolas que guardo para te dar Tenho um abraço na garganta que tarda tanto em te abraçar....

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...