27 de abril de 2009

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Atiro-me às palavras como fera louca, desnorteada. Carrego-as com todo o peso da minha história, dos meus sonhos. Afogo-me tantas vezes que cada falta de ar acaba por inventar-se numa nova maré de flores. A minha estrada é um manto de solidão e abraços. Beijos e gritos. Sonhos. Lá, encontro todas as almas e paixões. Sinto-me bem na minha estrada. Mesmo em lágrimas feitas ribeiro que desce pelos montes e apanha outros ribeiros e se faz rio e se faz mar. E depois somos todos mar. Esse imenso canto das entranhas onde nos deitamos para nos deixarmos ir pela vertigem.
Atiro-me às palavras como fera, nas ausências fecundas da pele ou no calor da saudade. Dessa cortina que anda de mão dada com o olhar. Serenamente a inquietação da passagem brota o seu odor a vida e riso. Inquietantemente o sossego de um amor antigo, de mais um amor perdido. Rasgo-me em farrapos para novamente renascer. Porque nunca morri. E é assim mesmo: nem sempre a morte se anuncia... Nunca morro enquanto houver palavras...

6 comentários:

Maria disse...

"E depois somos todos mar".
Pois somos, e somos mar tantas vezes. Basta um olhar, uma canção, um gemido, para te fazeres mar...

e as tuas palavras ficarão para além de ti

Um beijo, Pedro

Lídia Borges disse...

Admirável a força posta nas palavras.
Admirável essa certeza de que elas devolverão a força que lhes foi dada.

Obrigada!

pin gente disse...

deixo-me ir na vertiginosa ventania. sonho que voo. acordo num jardim repleto de aromas e cores. amores. dores. sabores. deito-me na terra sobre as pétalas coloridas das flores que me abraçam o corpo.e deixo-me assim ficar, entre papoilas e margaridas silvestres. num campo de base verdejante. fecho os olhos e sinto-me flutuar nos teus braços. abraços. traços. embaraços. olho o céu e oiço a água. a luz macia é de final de tarde. e o ribeiro apressa-se, mesmo sabendo que não perderá o rumo ao cair da noite. entrego-me ao campo. hoje deixarei os meus pensamentos serem semente. continuo o meu sonho até encontrar o amor.

um beijo (e)terno, pedro
luísa

Maria P. disse...

palavrasquenosunem.

Beijinho, Pedro*

Maria disse...

Colho as palavras como se fossem pétalas de flores. Seguro-as nas pontas dos dedos que te afagam. Respiro os seus aromas e cheiro a maresia. Partilho a estrada da vida com a tua inquietação e a minha solidão. Tanta estrada para andar e nunca chego ao fim. Bebo água da nascente dos teus ribeiros do teu rio. "E depois somos todos mar". Colho as pétalas de flores como se fossem palavras. Quentes como a pele e como a saudade. Faço a cama onde me deito com o amor antigo com o amor perdido com o amor nascido. Sonho campos de flores e a margarida ainda resiste. Teimosamente. Como o cravo, ainda vermelho. Acordo e pego a tua mão e todas as outras que trazes contigo. Vamos juntar as palavras e viver a poesia...

Um abraço, Pedro.

mariam [Maria Martins] disse...

Pedro,

Homem . Poeta . das-palavras . artesão .

_________ Belíssimo na força, este poema ______________.

muitos sorrisos e o meu abraço
mariam

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...