
Sou um pequeno pó dentro de tanto
Um sonho que se fixa e teima
Carregado de um cheiro feito meu, feito manto
Onde tudo é apenas um abraço que queima
Sou uma voz solta na prisão da saudade
Um respirar que me devorou e me perdeu
Por entre cada segundo da eternidade
Onde tudo é esse abraço só teu e só meu
Sou uma revolta de querer mais e tudo
Uma inquieta peregrinação de pedra e cal
No canto que teimo sempre grito e sempre mudo
Onde o abraço se faz ternura e vendaval
Sou um louco sem medo ou sem perdão
Caído nas teias de ser assim
Pobre amante, abraço fonte vida e coração
Onde cada começo sofre já pelo fim
Sou silêncio, fumo e sono
Lambidela, beijo selvagem
Perto demais do abraço e do abandono
Onde a chegada é já uma nova viagem
Sou abraço embriaguez na fome de ser
Canção na lágrima solta demais
Sangue que corre nas veias de te querer
Onde me perco de cada vez que te vais...
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Hoje podia cantar eternamente. Tudo me corre em sufoco e turbilhão. Um pouco da noite que me mata lentamente. Um tudo de mim, carregado de solidão...