25 de dezembro de 2009

sEnTa-TeÀmEsA


Senta-te à mesa e come do meu pão
Pede mais um copo de vinho e solta uma gargalhada
Estar aqui é mais que um soneto ou canção
Mais que um plano centenário ou jornada
É querer saber da vida e dar-se ao abraço
É ter em cada novo gesto uma outra pose para o cansaço
É querer que o carinho se refaça a cada instante
É ter a certeza que o mundo circula adiante
Mesmo na podridão do que vemos e deixamos passar...
Natal é um retalho do que somos sem pensar.

Senta-te à mesa e arrota
Fuma mais um cigarro dos teus e pede-me um beijo
Afinal, estar aqui é uma sorte e não uma derrota
Uma mesa assim, com pão, vinho e queijo
E mais as outras migalhas que cuspimos gestos fora
Porque estamos sós, nos aturamos e não vamos embora
E mais as feridas das revoltas e as rugas do tempo que passa
Porque estamos aqui, como quem sorri de prazer à desgraça
E mais se cala, e mais escreve e mais se faz pasmar
Que retalhos somos nós, que vivemos sem pensar?

Senta-te à mesa, minha mãe. E deixa-me chorar cada pedaço da minha morte.

8 comentários:

Lídia Borges disse...

[Afinal, estar aqui é uma sorte e não uma derrota..]

Um beijo Pedro!

Maria disse...

Deveria estar preparada. Não estou. Ainda.

Abraço-te, Pedro.

Carol disse...

Pedro,
Abraço-te. Forte.
Um beijo carinhoso,
Carol

zmsantos disse...

Abraço-te Pedro.

_Sentido!... disse...

Um beijo Pedro!

Anónimo disse...

Sabes das palavras que eu perdi, quando perdi Aqueles que tanto amei e a quem eu dizia essas mesmas palavras perdidas agora?

Não tenho palavras Pedro. quase não tenho lágrimas. tenho em mim um nó cego que ainda não desfiz.

deixo-te aqui o meu abraço e um bocadinho de mim que sabe o que sentes, esse bocadinho de mim já esteve em carne viva, agora vai sarando e andando com o tempo.

Unknown disse...

Está fantástica. É fantástica. E assim será para todo o sempre. O resto é história. Bom 2010, Peter.

Lídia disse...

... à volta da mesa somos nós mesmos. Abraço bom.

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...