23 de agosto de 2010

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Canto uma flor ao anoitecer
Cheia da cor de uma saudade bonita
Fica-me no peito um jardim por percorrer
Sempre que em mim esta dor me grita.
Deixo-me cair no tempo vazio
Por onde os caminhos se desfazem sem te ver
Depois, navego nas águas puras deste rio
E canto uma flor ao anoitecer...
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Tranco um abraço à tua espera
Nos reflexos que as ondas me dão
Fica-me na alma uma voz onde impera
O cântico rouco e pesado da solidão.
Perdido nas mãos suadas e brilhantes
Por onde nasce o vento louco que de mim se apodera
Faço-me sopro nas janelas de todos os amantes
E tranco um abraço à tua espera...
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Repito esta vida de ti em mim
Sem parar nem um segundo
Porque tudo que respira é jardim
Porque tudo que abraça é mundo!
Raio que ilumina sorrisos e olhares
Feito num eterno verso sem princípio nem fim
Poeta de todos os rios, de todos os mares
E repito esta vida de ti em mim...
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3 comentários:

Maria disse...

São dias difíceis estes, em que há dores de amores por aqui, e cantigas a flores por aí.
Este teu poema é um dos mais bonitos que já li. Talvez porque também continuo a cantar uma flor ao anoitecer. Talvez porque o vento louco levou de mim o que tinha de mais bonito. Talvez porque há dias assim...
Ah, se eu pudesse repetir esta vida de mim em ti...

Beijo-te. Sempre.

M(im) disse...

Anoiteci no canto
Canto de vida no ângulo recto
Canto trinado do beijo incerto
Canto perdido no som do deserto
Anoiteci ao canto
Que se adivinha depois da esquina
Que se desenha na voz divina
Que canta e me beija, menina
Anoiteci e canto
Com voz escondida uma canção
Notas escritas só de emoção
Pauta de desejo e de paixão
Anoiteci
Flor
Em
Ti

Desculpa, Pedro, deixei-me levar pela força deste teu poema.
Está poderoso, arrebatador!

Beijinho

Anónimo disse...

O Vento é mesmo um louco... passa a correr, pára, beija e segue...
O Vento não é monotono, o vento é uma pessoa sem corpo mas que se faz sentir porque passa rente á pele de propósito, como quem diz estou aqui, sentes?
Gosto muito do vento e gosto que gostem dele exactamente pela loucura que o envolve...

beijos e uma brisa para ti...

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...