Não volto mais. Não quero o meu regresso depois da fuga. Sei que o que me aconteceu não foi um simples acaso. Pressenti, logo desde o início, que nesse dia algo de especial haveria de acontecer. Por isso as ondas estavam diferentes (tudo fica diferente de vez em quando...). A minha decisão era essa: partir. O futuro estaria por perto, algures no caminho, tinha a certeza. E foi assim que naquela noite, naquela quente e abafada noite, o vagabundo cantou pelas ruas (ele que nunca tinha sequer falado!). Era eu. Como sempre sou eu. Abandonado na descoberta dos silêncios da cidade. Alegremente entoando lágrimas e lágrimas de uma vida recheada de fogo. É que dentro da solidão as memórias tornam-se dor. E dentro das memórias não há lugares por fazer. E dentro da dor tudo é solidão. Por isso é que não volto mais. Para me deixar no labirinto de um tempo que não quero que me pertença. Para que consiga, finalmente, adormecer no regaço de um qualquer encontro. Sem destino. Só um: o de ser impossível voltar.
4 comentários:
Pedro,
Tenho estado a 'passear' pelos teus versos... subindo até aqui... é muito bom, sempre! mesmo quando as palavras são cinzentas como punhais ou lágrimas caídas... mas eis que chego aqui, a este "nãoVoltomAiS" e não consigo 'dizer' nada! ..........
NEXT!
beijinhos :)
mariam
olá Pedro :)
é uma delicia ler-te.
se eu fugir também não volto :)
beijo
E se eu não voltasse mais?
Ou se não tivesse voltado dezenas de vezes, as que achei necessárias...
Voltamos sempre, diferentes, é certo, mas voltamos. Porque é aqui que nos pertencemos.
Sei que voltas. Sei que voltas. Sei...
Abraço-te.
fugir para o encontro de um abraço, cujo destino se desconhece, e que seja um regaço de onde não se quer mais voltar, é um tanto de bem de um tamanho que não não tem medida.
te felicito pela maneira fascinante com te escreves, Pedro.
beijos
Enviar um comentário