E se parasse? Se uma manhã de sol se transformasse num clarão tal que me imobilizasse em todas as direcções. Poderia ver melhor os outros a passar-me à frente, mesmo os que não me olham? Seria capaz de sentir todos os aromas das emoções à solta no vento e no brilho das vozes? Das que choram. Das que falam apenas. Das que riem. Das que pedem. Das que me querem enforcar. Das que me engolem. Das que não me dizem nada. Das que me amam. Das que nos unem... E se parasse? Perdido na imobilidade deixar-me-ia levar em tamanha impossibilidade. Sim. Impossibilidade. A de ir sem ir. Ou a de estar sem ser. Pelo menos poderia de novo responder-me às eternas questões que me movem? Não. Perderiam sentido... Como tudo, que ficaria vazio. Oco. Sem fundo. Sem futuro. Morto. E se parasse? Se morresse mas continasse vivo?
6 comentários:
não queiras!
és ar, sol, idade,...
e se continuasses? se vivesses continuando vivo?
o meu abraço
Viverias novamente. De outra forma. Não nos é permitido parar, mesmo quando é voluntário o desejo de não ser por instantes.
Continua a ser. Um beijo.
Também eu queria parar...deixar de sentir, de ouvir, de ver, de amar, de chorar...queria parar!!! sair da impossibilidade do que me rodeia..da impossibilidade dos outros...do respirar vazio...morrer e continuar a viver!?
beijo
"...deixar-me-ia levar em tamanha impossibilidade"
sinto que já o faço!
e não consigo parar, não posso parar...
e se fizesses pequenas paragens?
para inspirar o sol, ver o ar, iludir a idade sem a enganar...
abraço
luísa
Fiquei com um aperto. Cá dentro.
Um beijo, Pedro
Sim... e se parassemos?
Boa pergunta... de momento, também não tenho resposta.
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