1 de janeiro de 2012

DiA1

Deixaste uma lágrima na onda do mar.
Fizeste do tempo um canteiro sem flores
E depois, nunca mais te ouvi cantar
A liberdade e as suas tantas cores...

Perdeste na memória os versos do caminho.
Ventos, tempestades, silêncios e os ecos dos sonhos teus
E depois, nunca mais chegaste de mansinho
Sem medo de um dia me dizeres adeus...

Calaste no toque do leito os gritos da aflição.
Correntes de um rio que teima em se perder
E depois, quem sabe, nas margens da tua eterna solidão
Consigas encontrar o verdadeiro tom do teu parecer...

Largaste no monte a voz, a pele... toda a tua essência.
Como quem pega num filho na hora do primeiro abraço
E depois, choras cada minuto da tua própria ausência
Nos partos que te pintam os sabores no teu cansaço...

Quiseste a vida, numa morte rouca tão presente.
Pedra a pedra, erguendo os soluços da tua morada
E depois, na embriaguez de tudo o que ainda se sente
Explodem fogos pela noite e ternuras pela madrugada...

Corre, vagabundo, pelas ruas desertas que inventas!
Sangra-te outra chaga para de novo conseguires:
A paz e o amor, que procuras e sempre tentas
Mesmo quando sofres assim sem nunca te ires...

1 comentário:

Maria disse...

Aqui chovo. Não tenho palavras.

Abraço-te.

oTeMp0

O tempo que passa Leva uma flor ao vento Que se faz poesia e raça Fonte, porta e lamento Curva-se o peregrino Sem ter medo da desgra...